A vida toda para amar um sentimento mudo.

Ela dizia te amo todos os dias, porque esse sentimento era o mais nobre que ela sentia. Ele ouvia, mas sua resposta não era recíproca. Ele nutria um sentimento por ela, mas este não era maior que qualquer outra coisa de sua vida. Ela vivia por ele, ele vivia pelos prazeres da vida. Vendo seu sentimento sendo rejeitado, ela desistiu de fazer com que ele aprendesse a ama-la, mas isso não modificava o significado que aquele homem tinha para ela. Triste, ela continuou a ama-lo, e sempre estava presente na vida dele, agora como uma simples amiga. Todas as noites, antes de dormir, ela olhava para as estrelas, vendo nelas o rosto daquele que fazia seu coração bater, e dizia te amo. Anos passavam-se, para ele e para ela. O jovem rapaz descobriu certo dia que sofria de uma doença muito grave e seus dias se estenderam em uma cama de hospital. Muitos o abandonaram naquele momento, menos ela, que sempre esteve presente na sua vida. Ela cuidava e estava com ele em todos os momentos e de pouco em pouco tempo, ela dizia em voz alta o seu amor por ele. Ele, apenas a olhava com olhos cobertos por lágrimas, incapaz de entender porque ele tinha a abandonado anos atrás. A doença foi forte demais, com o tempo ele se curou, mas sequelas ficaram, e ele perdeu a voz, agora era um homem mudo e muito fraco. Mas ela ainda estava lá. Um dia, ele acordou e viu aquele anjo perfeito deitado em seu lado na cama, como ele não foi capaz de ama-la o bastante? Naquele momento, como homem, se sentiu um lixo. Com uma faca, fez um corte em sua mão e tirou o máximo de sangue possível... Ela acordou e viu que seu amado não estava na cama, mas encontrou um bilhete ao seu lado, todo escrito com sangue, que dizia:
'Quando eu tinha voz não fui capaz de dizer, pois meu coração era covarde. Hoje, eu já não tenho coração, pois quem manda nele é você. Me desculpe por nunca te dizer, me desculpe por eu não fazer te ouvir, que você é tudo e que eu amo mais a você do que a mim. Te amar vai além das palavras'
Chorando, ela o encontrou no canto da sala, com as mãos envolta do próprio joelho e com um olhar que era mais real do que qualquer verso.