Foi se o tempo em que fazer mágica era algo fantástico. O mágico era a atração do circo, o mais aplaudido. Hoje, o circo já nem existe mais. Houve o tempo em que as crianças idolatravam e ficavam com aqueles olhos cheios de dúvidas ao ver os truques que eu fazia. Hoje as crianças nem me notam mais, estão todas com os seus celulares nas mãos, que fazem tantas coisas que nenhuma magia minha é capaz de superar.
Mas também quem se importa se um mágico tirar um coelho da cartola se existem homens por aí que tiram do bolso suas pistolas. E todo mundo continua correndo. Correndo da violência, correndo da fome, correndo da pobreza, e no caminham estão deixando a alegria. Minha capa preta hoje em dia assusta os mais velhos e as crianças acham que sou um vampiro. No meu tempo, as crianças morriam de medo de um vampiro, hoje elas querem ser amigas deles. Quando foi que o mundo mudou tanto assim? Será que apenas eu continuei se importando com a mágica?
As pessoas já brincam não com a imaginação, e só usam esse artifício se for para ganhar dinheiro. Hoje já não tenho valor, sou um mágico, sou um homem. Deixei minha cartola, deixei minha capa e minhas cartas, e tentei entender a vida. É, o relógio e o dinheiro são sócios nessa fábrica que faz homens. Para viver agora minha magia não basta, terei que me adaptar ao mundo cinza.
Minha magia morreu, o coelho também morreu para matar a fome, o homem que eu fui morreu, e o homem que tenho que ser está lutando para sobreviver.
Os valores se inverteram desde que o mundo deixou de ser o mundo que era. Beijo
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